“Bolinhos e bolinhós
Há um velho costume em Coimbra por altura dos Fiéis Defuntos. Depois do jantar, as crianças juntam-se, vestidas de escuro, com as caras pintalgadas de negro, transportando caixas de cartão ou abóboras vazias, decoradas com carantonhas, dentro das quais levam velas acesas. Tocam às portas da vizinhança, e cantam uma… lúgubre cantilena, pedindo “bolinhos e bolinhós”. As pessoas dão-lhes dinheiro ou guloseimas, que agradecem cantando uns versos apropriados; para quem nada dá, há também versos adequados.
Aqui fica a cantilena:
Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Que estão mortos enterrados.
À porta da bela cruz, truz, truz…
A senhora está lá dentro
Sentada num banquinho
Faz favor de vir à porta
P’ra nos dar um tostãozinho ou um bolinho.
Se derem canta-se:
Esta casa cheira a broa aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho aqui mora algum santinho.
Se não derem canta-se:
Esta casa cheira a alho aqui mora algum espantalho.
Esta casa cheira a pão aqui mora algum papão.